
Com mais de 18 milhões de visitantes em 2024, Dubai está entre os três destinos mais visitados do mundo segundo o Euromonitor 2fm6h
Em abril de 2025 fui ar 40 dias em Dubai, para visitar uma amiga que trabalha em uma startup local e hoje está incluída nos 88% de expatriados que compõem a população do emirado mais famoso dos Emirados Árabes Unidos. Essa é uma informação essencial para minha percepção do local, pois transforma a região em um espaço multicultural, onde a língua mais falada é o inglês, a gastronomia é diversificada e o turismo é baseado em atrações fotográficas.
Onde fica Dubai? 4i1d5p
Primeiro é importante salientar que Dubai não é um país, mas um emirado que integra os sete que compõem os Emirados Árabes Unidos (localizado no Golfo Pérsico). Abu Dhabi (capital), Sharjah, Ajman, Umm Al-Quwain, Ras Al-Khaimah e Fujairah são os outros seis que completam a nação. Mesmo não sendo a capital do país, Dubai é o centro turístico e econômico dos Emirados. A moeda local é o Dirham e a cotação para o Real é de uma média de R$1,50.
A arquitetura de Dubai é o que mais chama atenção no destino — pura ostentação com muito metal, vidros e claro, o prédio mais alto do mundo: o Burj Khalifa com seus 830 metros e 163 andares. Eu não paguei R$275,00 para subir, mas vi o prédio de diversos ângulos durante a viagem.
O que fazer em Dubai? c1u5a
Na minha visita ao Dubai Design District registrei o melhor ângulo do Burj Khalifa (em uma foto que mostra um pouco do skyline da cidade). Esse bairro possui uma área de mais de 4 milhões de metros quadrados dedicada a negócios de design, moda, cultura e inovação — são mais de 500 espalhados pelos prédios e inúmeros restaurantes e cafés para ar o tempo.

Eu visitei uma exposição gratuita de aneis masculinos na L’ÉCOLE, School of Jewelry Arts, descobri uma loja de tapetes feitos por mulheres afegãs, parte de um programa social de inclusão e trabalho, e encontrei até açaí. Mas o mais interessante para mim foi andar pelas ruas recheadas de pessoas vivendo uma vida comum com tarefas básicas do dia a dia como um almoço ao ar livre, pegar um café entre uma reunião e outra ou em uma reunião de negócios descontraída.
Entre os prédios encontram-se várias esculturas de ovelhas, o que na minha teoria é uma alegoria à busca constante pela criatividade, em qual você não pode ser uma ovelha e apenas seguir o rebanho, mas precisa impor suas próprias regras e ideias para mudar o status quo — uma insinuação bem ousada para um país considerado conservador, não é mesmo?
Também recomendo a visita à Alserkal Avenue, um espaço que celebra a arte local e vai te dar um gostinho da cultura árabe contemporânea com um mix de lojas, livrarias, cafés, restaurantes e galerias de arte. Além disso, o espaço abriga um cinema que oferece mostras de filmes alternativos e um teatro — que tem até concurso de stand up comedy.
Por fim, duas atrações bem conhecidas, o Museu do Futuro e a Kite Beach. O primeiro te leva em uma jornada para 2071 com uma exposição fixa que sugere o que teremos no futuro — flora e fauna geneticamente modificadas para se adaptarem às condições climáticas, carros voadores, prédios que se movimentam conforme o clima e muito mais.

Não deixem de visitar a lojinha do museu, eu amei os souvenirs criativos que traziam a logo do local, mas sem parecer uma propaganda. E não deixe de experimentar a hamburgueria SALT, a mais amada pelos Emiratis (cidadãos dos Emirados Árabes). No dia que fui, muitas meninas estavam celebrando a formatura do ensino médio, e todas se reuniram com suas becas e hijabes (o lenço que cobre a cabeça, sem cobrir o rosto) para comer um hambúrguer comemorativo. Um retrato bem diferente das mulheres recolhidas e subjugadas que o preconceito sugere das mulheres árabes.
Por último, mas não menos importante, recomendo a vista à Kite Beach, uma das únicas praias gratuitas de Dubai (sim, a maioria é cobra pelo o e não é barato). Eu fui andar com amigos no calçadão e foi uma delícia, depois paramos para um Bubble Tea em uma área cheia de restaurantes que também oferece banheiros com chuveiro, quadras de beach tênis e paddle e parque para crianças. Algumas áreas da praia possuem grandes holofotes de iluminação para que as pessoas possam curtir o local à noite.

Chocolate de Dubai 4k6j34
Na área da gastronomia Dubai ficou famosa recentemente pelo chocolate de Dubai, que nada mais é do que um chocolate comum recheado de pistache e Kunafa, típica sobremesa árabe de origem levantina, feita com uma massinha fina que parece o nosso folheado, mas no chocolate lembra uma mistura de wafer com pasta de amendoim. É gostoso e você acha em qualquer lugar pra comprar.
Mas a minha dica gastronômica para quem vai visitar Dubai é experimentar qualquer coisa com tâmaras. Essa é a fruta típica do local e pode ser vista nas inúmeras Palmeiras Tamareiras espalhadas pelas áreas da praia ou em vários pontos da estrada para Abu Dhabi. Nelas podemos ver sacos que envolvem as frutas, para protegê-las dos pássaros, que são fãs do seu gosto doce. Além das tâmaras secas e recheadas de pistache ou amêndoas, você pode experimentar bolos, tortas e até sorvete, recomendo tudo, porque é maravilhoso!
A gastronomia local não tem muito espaço em Dubai, onde você encontra um pouco de tudo no quesito restaurante. Para quem procura um prato típico da região posso dar como opção o Gerbou, um restaurante tipicamente Emirati, lindo e com atendimento impecável, infelizmente a comida não era tão gostosa, o ponto alto, foram as saladas e sobremesas, mas vale a visita.

Uma escolha certeira para quem gosta de comer bem é o Orfali Bros, restaurante de irmãos sírios que acabou de ganhar uma estrela Michelin — os pratos são porções para dividir, então vale a visita com um grupo de amigos, mas não esqueça de fazer a reserva com antecedência, porque o local é concorrido.
Dubai também é muito conhecida pela pulsante vida noturna, mas essa análise eu vou ficar devendo por aqui; infelizmente as raves e festas em rooftops ficaram de fora do meu roteiro. Minha única experiência noturna foram os bares do DIFC, região mais badalada (e cara) do emirado. Fizemos um bar hopping entre os bares mais famosos da região, incluindo o Zuma e honestamente a vibe do local me levou de volta à Lique dos anos 2000 – só quem viveu poderá entender.
Para finalizar, gostaria de salientar que Dubai é uma cidade grande como muitas outras, não existe nenhum choque cultural, você não precisa ter um guarda-roupa típico (só é necessário estar totalmente coberta para visitar as mesquitas) e as mulheres não são assediadas — em lugar nenhum. O local está totalmente preparado para receber turistas e bebidas alcoólicas são vendidas em bares, alguns restaurantes e lojas de bebidas (mediante apresentação de aporte ou um cadastro online).
Para facilitar ainda mais a vida do turista, ao entrar no país você recebe um chip de celular com um número local e planos especiais de internet super íveis entre 29 e 100 dirhams dependendo da quantidade de gigas escolhidos. Para os brasileiros não é necessário visto, vacinas ou qualquer outro documento além do aporte válido. Além disso, a Emirates tem voos diretos diários para Dubai saindo de São Paulo.
É fácil entender como Dubai se tornou um destino tão popular: o conselho de turismo local fez um belo trabalho de marketing instigando o desejo das pessoas, oferecendo uma realidade de luxo em um lugar onde tudo é possível e todos são bem-vindos. Na minha modesta opinião, Abu Dhabi foi a melhor parte da minha viagem para Dubai, mas essa história eu conto na próxima coluna!